02 mar 2020
02 mar 2020
Elizabeth fala sobre ‘A Hora da Sua Morte’ com o UOL
Entrevista

Elizabeth Lail pode ter uma carreira curta, mas ela já tomou o mundo. Primeiro como a princesa Anna na série Once Upon a Time; depois como parte do suspense You, em que no papel de Guinevere Beck ela se torna alvo e objeto do desejo do psicopata interpretado por Penn Badgley. A Hora de Sua Morte faz parte da cartilha da atriz em ascensão, colocando Elizabeth como protagonista de uma trama de terror sobrenatural. O filme mostra uma jovem perseguida por uma força sobrenatural ao instalar em seu smartphone um aplicativo que crava o momento exato em que ela vai morrer, e segue os passos narrativos de dúzias que o precederam. Mesmo com o final bobão e telegrafado, a atriz entrega uma performance caprichada que eleva o material. E foi para falar sobre A Hora de Sua Morte – e sobre tecnologia, terror e destino – que eu bati um papo com Elizabeth Lail, que você confere agora.

O que o terror tem que continua atraindo pessoas em todo o mundo a filmes do gênero? E o que atrai você a ele?

Eu me pergunto a mesma coisa, porque filmes de terror me apavoram! (risos) Por que as pessoas gostam de se assustar! E eu penso de verdade que é o mesmo mecanismo da catarse que experimentamos ao ir em algum evento esportivo, ao teatro ou ao cinema. Gostamos de experimentar emoções extremas, e acho que o medo é o ápice dessa gama de emoções.

Então essa vontade de abraçar o terror está relacionada com a experiência coletiva em um cinema ao lado de estranhos?

Ah, com certeza! A sensação é muito melhor, com amigos e cercados de outras pessoas. A energia é palpável, como uma montanha-russa!

Eu gosto do conceito de A Hora de Sua Morte, até porque eu mesmo encho meu telefone de aplicativos inúteis que só o deixam mais lento, e me lembrou dos filmes de terror japonês do começo do século em que a tecnologia é a base para o medo. O que atraiu você nessa mistura de tecnologia e terror?

Em primeiro lugar, é impressionante não só como a tecnologia dominou nossas vidas, mas também como isso aconteceu sem que a gente sequer percebesse. A Hora de Sua Morte  mostra o quanto somos dependentes até dos apps mais banais, entregando dados sobre quem somos e o que consumimos ao concordar com suas condições. Além de tantos downloads, nossa rotina está no telefone, todas as nossas conexões também. Abordar a tecnologia como sistema de controle pelo medo é um espelho perfeito da nossa sociedade, especialmente por essa relação visceral que temos com nossos smartphones, o que o filme mostra de maneira muito radical! Para o bem e para o mal, é assim que nossas vidas são hoje.

Eu achei bacana que o filme é sobre o sobrenatural, com um demônio e as coisas que causam sustos ligeiros, mas também aborda temos como assédio e trauma familiar. É raro você encontrar um roteiro que aborda assuntos tão diversos em torno de um gênero?

Esses elementos humanos foram justamente o que me atraíram para este filme. Especialmente quando ele aborda assédio, que é algo assustadoramente real, que acontece de fato. E eu gosto como o roteiro amarra assuntos assim em um formato de terror clássico. E são assuntos sérios e muito difíceis a ser abordados, e eu me sinto atraída para estes recortes sóbrios em filmes de gênero, não importa qual seja. Até porque é assim que se cria uma conexão com a plateia, já que todos podem ser empáticos a eles.

Deixa eu tentar ser um pouco filosófico aqui. Você acredita em destino, que nossas vidas de alguma forma são pré-determinadas?

Eu não sei se acredito! (risos) É uma pergunta séria! Eu gosto de acreditar que temos livre arbítrio, e eu acredito que cada decisão nossa pavimenta o caminho para a seguinte, construindo assim as escolhas que direcionam nossas vidas. Então eu não acho que somos necessariamente guiados pelo destino. Mas talvez a gente atraia um certo destino… (risos) Sabe? Quando alguém diz “ah, você nasceu para fazer isso”, e acho que de certa forma isso seria destino. Talvez eu não acredite nisso por não gostar de ser limitada, não gosto de nada pré-determinado. Por outro lado pode ser encorajador acreditarmos que algo está nos guiando ao longo do caminho. Eu não sei! (risos)

Você fez as séries Once Upon a Time e You. Foi muito diferente trabalhar em um longa-metragem, e não com uma narrativa mais longa?

Bom, A Hora de Sua Morte  definitivamente foi mais curto, me tomou menos tempo. (risos) Mas tirando isso o trabalho foi parecido. Acho que a maior diferença foi assistir aos dois formatos quando estão prontos. Once Upon a Time, por ter um elenco enorme, me colocava como parte da plateia, já que eu via sabendo que minha participação era parte de uma tapeçaria maior. Com A Hora de Sua Morte, que é meu primeiro filme para cinema, a diferença foi ver a mim mesma nessa paisagem mais ampla que o cinema traz. E tudo é maior, não existe absolutamente nada tão fascinante quando a gente se enxergar na tela grande.

Quando o último Star Wars estreou ano passado, muita gente comentou em entrevistas que seu sonho como ator era fazer parte daquele universo. Agora que você divide seu tempo em cinema e TV, existe algum projeto dos sonhos que você adoraria fazer?

Confesso que me sinto tão privilegiada que agradeço os trabalhos que tenho feito, e não aqueles que gostaria de fazer. Só em poder fazer o que eu amo já é um sonho realizado! Mas existem artistas com os quais eu adoraria ter a chance de trabalhar no futuro, como (a roteirista) Phoebe Waller-Bridge. Ela hoje está no topo de minha lista!

O que mudou em sua vida depois de You? Foi a atenção dos fãs, o volume de trabalho…

É engraçado porque eu uso meu cabelo diferente dos personagens que fiz. Se eu deixo mais parecido, aí sim muita gente reconhece! (risos) Mas acho ter mais oportunidades foi a maior mudança, e eu espero que minha carreira continue assim!

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